Vereadores debatem desafios e investimentos no saneamento básico em Cachoeiro
A Sessão Ordinária realizada no dia 8 de abril de 2025, na Câmara Municipal de Cachoeiro de Itapemirim, trouxe à tona questões fundamentais sobre o abastecimento de água, esgotamento sanitário e infraestrutura urbana da cidade. O evento contou com a presença do diretor presidente da Agência Reguladora dos Serviços Públicos de Cachoeiro (Agersa), Vilson Carlos Gomes Coelho, que respondeu às perguntas dos vereadores e apresentou dados relevantes sobre a gestão dos serviços concedidos à empresa BRK Ambiental.
No início de sua fala, Vilson explanou sobre o contrato 029, que foi estabelecido 1998 pelo então prefeito Theodorico Ferraço, que terceirizou o serviço de saneamento de água e esgoto. “Inicialmente o contrato tinha vigência de 30 anos. Já se passaram 27 anos, porém, ao longo desses anos, por meio de várias revisões tarifárias, alguns aditivos foram incorporados ao contrato e o prazo se estendeu para 50 anos. Então temos ainda 23 anos de contrato junto a empresa concessionária”, esclareceu.
De acordo com o diretor da Agersa, Cachoeiro possui atualmente 85 mil residências registradas e abastecidas com água potável. Entretanto, algumas comunidades do interior estão fora do âmbito do contrato e não possuem esse atendimento.
Durante os debates, os vereadores levantaram preocupações sobre o abastecimento de água em comunidades rurais e bairros periféricos, destacando a limitação de apenas dois caminhões-pipa para atender aproximadamente 200 mil habitantes em situações emergenciais. “É inaceitável que uma cidade do porte de Cachoeiro tenha apenas dois caminhões-pipa para atender tantas pessoas. Precisamos de uma solução urgente”, destacou o vereador Creone da Farmácia (PL).
Também foram citadas as dificuldades na recomposição de vias após obras da concessionária, gerando transtornos em importantes vias de trânsito da cidade. “Não podemos aceitar que obras sejam feitas e as ruas fiquem em estado precário por tanto tempo. A população merece respeito”, criticou o vereador Delandi Macedo (PSDB).
Vilson Ferreira informou que a Agersa já aplicou mais de R$ 200 mil em multas à BRK por descumprimento de suas obrigações contratuais e detalhou que os investimentos previstos em saneamento até 2048 somam R$ 122 milhões. O diretor destacou que esses recursos devem ser aplicados prioritariamente em regiões que ainda não possuem abastecimento adequado de água e esgotamento sanitário.
Outro ponto de destaque da sessão foi a discussão sobre os problemas nas redes mistas de água e esgoto, que causam o retorno de esgoto para dentro das residências em dias de chuva, principalmente devido a ligações irregulares nas tubulações. “Não é justo que moradores sofram com esgoto dentro de casa por falta de fiscalização e regularização das redes”, afirmou o vereador Vitor Azevedo (Podemos), autor do requerimento que trouxe o tema à pauta.
Vitor também questionou o valor da tarifa cobrada pela empresa, que é a mais alta do Estado. “Existe um estudo em que se recomenda que a tarifa de água seja reduzida e ela é aumentada, quer dizer que alguma coisa não está certa. Temos uma lei, aprovada aqui nesta Câmara, que determina a comparação das tarifas nas regiões vizinhas e isso não tem sido feito. Hoje a nossa forma de cobrança é muito maior que a da Cesan, por exemplo”.
Os vereadores também cobraram mais transparência e agilidade na prestação de contas da BRK em relação aos investimentos já realizados. “Precisamos saber onde está sendo aplicado o dinheiro que a população paga. Essa prestação de contas é essencial para a confiança no serviço público”, enfatizou o vereador Thiago Neves.
Questionado pelo vereador Vitor Azevedo sobre o percentual de esgoto tratado em Cachoeiro, Vilson afirmou que esse valor é de 86% dentro da área urbana de Cachoeiro, e não de 97% como anunciado pela concessionária.
Por fim, os vereadores reforçaram o compromisso de acompanhar de perto as demandas das comunidades e de colaborar com a Agersa e o Poder Executivo Municipal para garantir que os recursos sejam aplicados de forma eficiente e transparente, melhorando a qualidade de vida da população cachoeirense.