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Suicídio é discutido pela Escola do Legislativo

por Anete — publicado 24/09/2019 11h10, última modificação 24/09/2019 14h31

 

Dentro do propósito de promover discussões relevantes  com os servidores, a comunidade e os estudantes, a Escola do Legislativo (EL) realizou mais um encontro na tarde de segunda-feira (23), quando trouxe convidados para falar sobre o suicídio.

 “ Debater esse tema que ainda é tabu é importante em qualquer época do ano, mas especialmente no Setembro Amarelo”, destaca o coordenador da EL, vereador Diogo Lube. Os convidados foram o psicólogo Thiago Pereira, que abordou principalmente os aspectos emocionais do suicida, e Fábia Cristina, do Centro Espírita Maria de Paula Brandão, que abordou os aspectos espirituais.

Ambos enfatizaram a importância da escuta para dar suporte àqueles que romperam a barreira e o tabu de falar sobre a morte, que é uma possibilidade, segundo destacou Thiago. “ Escute a pessoa sem julgamentos, esteja disponível para ela sem colocar uma carga moralista, ouça atentamente  o que ela  quer dizer para fazer os encaminhamentos devidos. Quanto mais ignoradas, mais ousados são seus atos, que funcionam na ordem do inconsciente. Pergunte sempre o que pode fazer ”, enfatizou Thiago Pereira.

Ele ressalta que o suicida confronta o discurso médico, segundo o qual a preservação da vida é prioritário, e o discurso judaico-cristão e toma suas próprias decisões. O psicólogo destacou fatores sociais e coletivos que podem levar ao suicídio, como o individualismo, o consumismo e o capitalismo, que afetam a nossa condição como sujeito. Abordou também a questão da medicalização, que silenciaria o que causa sofrimento.

 O psicólogo destaca que o  suicídio é para calar uma dor que o sujeito não consegue dar conta por não alcançar o que o outro espera e também não ter o retorno que espera do outro. “Aí adoecemos. A pessoa  não consegue se enquadrar nos padrões estabelecidos e entra num nível de sofrimento. É preciso parar com a mania de falar que a pessoa está querendo chamar a atenção. Falar é difícil. Então ouça atentamente. É muito importante falar da morte sem que ela seja tabu e sem entrar na prática moralista, rotulatória e de dominação”

 Fábia Cristina diz que a doutrina espírita é muito severa em relação ao suicídio. “ Para nós o suicídio mostra o afastamento de Deus. A ideia de que existe um Deus falhou para ela. O direito à vida é sagrado e entendemos que o suicida tem covardia moral porque a vida é enfrentamento. Mas não nos esquecemos da misericórdia divina”.

 Fábia destacou que mais de 90% dos suicídios poderiam ser evitados se todos estivessem atentos aos indícios. “ Se saíssemos do individualismo nós perceberíamos o outro. É preciso ter um olhar mais cuidadoso com as palavras e ações. Para nós espíritas o pensamento tem  cheiro, tem cor e tem forma. Então parem de julgar e querer o mal dos outros. É preciso se educar para o bem. A dor está presente. A morte está presente. O luto está presente. É preciso realmente se preocupar com a morte e com a falta de esperança”.

A palestrante apresentou estatísticas do suicídio  no país. Segundo ela, 32 pessoas se suicidam por dia no Brasil. “ A cada 40 segundos uma pessoa se mata, e os números aumentaram 60% nos últimos 50 anos. Os índices entre adolescentes e jovens cresceu assustadoramente”.

As causas seriam psicológicas, psiquiátricas e sociais(que envolvem perdas financeiras e vergonha social) e influência da mídia, além do materialismo. “Eu sempre digo aos que me procuram: a vida vale a pena. Tudo passa. As grandes dores e os grandes amores. O importante é que nós ficamos”.

 Alexon Soares Cipriano, presidente da Câmara de Cachoeiro, diz que está feliz com a atuação da da Escola do Legislativo, e que espera que a população recorra aos outros serviços disponibilizados no Espaço Cidadão: as Ouvidorias Geral, Racial e da Mulher, a Casa das Comunidades e a Biblioteca. " Esse espaço é para interação com a comunidade. Então todos devem se  sentir muito à vontade quando quiserem tratar de assuntos de nossa competência. E as associações e entidades organizadas podem fazer bom uso do local que disponibilizamos para elas".