Em prestação de contas, Santa Casa de Cachoeiro agradece apoio da Câmara
A convite do vereador Paulo Grola (PSB), presidente da Comissão de Saúde e Saneamento Básico, estiveram presentes na Câmara, na sessão ordinária desta terça (16), representantes da Santa Casa de Misericórdia de Cachoeiro. O objetivo da visita foi realizar uma prestação de contas à população “Já estivemos aqui em momento bem diferente, pedindo socorro, e, graças a esta Casa, tivemos um resultado positivo, com o contrato do governo do estado que permitiu que a Santa Casa ‘voltasse a respirar’. Os vereadores, principalmente de Cachoeiro, foram fundamentais nesta retomada”, explicou o Dr. Lorran Coque Fonseca, coordenador do serviço de ortopedia. Grola definiu o hospital como “uma mãe para a população”.
Acompanhado por colaboradores de diversos setores, representantes do Conselho Deliberativo e do corpo médico, quem conduziu as falas foi o superintendente Afrânio Emílio Carvalho da Silva. “Trouxemos os médicos para que possam explicar melhor como é feito o trabalho da Santa Casa”. Na apresentação, foi relatado que o hospital possui hoje 150 médicos, dentre prestadores de serviço e celetistas, 1002 funcionários fixos e 204 leitos, que permitem a realização de cerca de 700 mil atendimentos por mês. Definida pela central de regulação estadual, a área de atendimento contempla 27 municípios, com aproximadamente 800 mil habitantes.
Referência em trauma e alta complexidade
Fonseca afirmou que “É impressionante como o trauma nunca diminui, só aumenta a cada dia. Foram 1630 acidentes motociclísticos nos quatro primeiros meses do ano, além dos outros tipos de acidente, o que mantém nossa demanda sempre alta”. Ressaltou também que, além do aumento da verba, o governo do estado habilitou em 2022 a Santa Casa para alta complexidade de ortopedia. Assim, o paciente daqui não precisa mais ir para a região serrana, por exemplo, para cirurgias como de quadril, menisco, artroplastia de ombro, dentre outras. “Precisamos manter isto aqui para o nosso povo não voltar a sofrer nas filas e transporte”.
Conscientização para melhorar atendimento
O Dr. Victor Hugo Carvalho Sabino, diretor do pronto socorro da instituição, pediu apoio dos vereadores na conscientização de suas comunidades, visto que o hospital é referência para o sul do estado inteiro, mas mais da metade dos atendimentos é do nosso município. “Somos hospital de alta complexidade e, na classificação da triagem, pacientes de baixa complexidade são a maioria dos nossos atendimentos. Nosso pronto socorro é portas abertas, não deixa de atender estes pacientes, mas eles poderiam ser tratados em postos de saúde e upas, melhorando a utilização dos recursos da Santa Casa para pacientes mais graves. Para tanto, também é necessário cobrar do governo mais médicos no município”.
Regulação de vagas
Brás Zagotto (PV), presidente da Câmara, pediu informações sobre a disponibilização de vagas para a população. “Perguntamos porque a cobrança é muito grande em cima da gente, ligam para nós (vereadores) quando um paciente precisa de vaga ou é encaminhado para algum município distante. Sei que é difícil, mas vejo como positivo o trabalho que nossos três hospitais filantrópicos vêm fazendo em Cachoeiro”. Brás citou como exemplo os casos de pacientes de hemodiálise de Cachoeiro, que são encaminhados para realizar o tratamento em Guaçuí, enquanto pacientes de Guaçuí são trazidos para Cachoeiro.
Sabino explicou que o hospital tem um número restrito de leitos e recebe demanda do estado inteiro. “Estamos melhorando cada vez mais o giro desses leitos, ou seja, dando um tratamento eficaz para o paciente ter uma alta adequada e liberar a vaga para outros. Não queremos mais ver o tipo de situação que mostram no ‘Fantástico’, com macas espalhadas pelos corredores. Damos tratamento digno a todos os pacientes. Por isto pedimos a colaboração da Central de Regulação do estado”.
Já Fonseca elogiou a adesão ao sistema MV: “a partir do momento que o nome do cidadão é inserido no sistema, ele não vai mais ‘ficar perdido’, não vai ser mais uma folha de papel que pode ficar esquecida na mesa de alguém. É difícil e ainda há reclamações da população, mas é uma importante ferramenta de acompanhamento e cobrança dos serviços”.
Allan Rodrigo Ramos, chefe do Núcleo de Regulação e Acesso da Superintendência Regional de Saúde, elogiou a atuação da instituição e se comprometeu a avaliar o que pode ser feito para melhorar essa distribuição de vagas entre as instituições do estado.
Sobre a hemodiálise, Nercedes Canal, vice-presidente do Conselho Deliberativo, afirmou que a Santa Casa é o segundo maior centro de tratamento do estado fora da região metropolitana de Vitória. “Nossa equipe sempre teve a sensibilidade de ver como padece o paciente de diálise e toda a família. É diferente de outros diagnósticos, que o tratamento começa e termina dentro de algum tempo. Dependendo do caso, se não tiver opção de transplante, ele vai fazer diálise o resto de seus dias”.
Parcerias, doações e plano Trino
Nercedes também explicou que mais de 90% do atendimento prestado pela instituição é via SUS, cuja tabela SUS não possui remuneração compatível com o custo dos procedimentos. “Então, se um hospital filantrópico não tiver capacitado para buscar recursos alternativos, dificilmente sobrevive”. Nisto entram as emendas parlamentares, parcerias com instituições privadas, doações de empresas e iniciativas solidárias.
No caso do Plano Trino Trino, que une os três hospitais filantrópicos de Cachoeiro, o prognóstico de vendas de 2022 foi superado. “Trouxe benefícios muito grandes para os pacientes, que têm atendimento diferenciado por preço acessível, e para a instituições, que conseguem realizar o atendimento sem mexer em quase nada nas estruturas”.
Ampliação e investimentos
Afrânio também trouxe a notícia de que, tendo um Plano Diretor, com ações para curto, médio e longo prazo, a Santa Casa possui projetos encaminhados para ampliação de sua estrutura. “Já estamos com protocolo aguardando aprovação do município. Nossa expectativa é, muito em breve, vir aqui trazer a boa notícia do início dessas obras”. O investimento previsto para a construção do novo Bloco C é de R$6 milhões e para o Bloco D de R$30 milhões.
Ao final, a maioria dos vereadores elogiou a instituição e agradeceu pelos serviços prestados à população. “É difícil uma instituição vir aqui agradecer pelo nosso trabalho, e ficamos muito felizes porque realmente temos empenho em ajudar”, ressaltou Alexandre Maitan (DEM).
Já Ary Corrêa (Patriota) questionou sobre a falta de equipamento para realização de cirurgias de rins e o que a Câmara poderia fazer para ajudar a “aliviar essa dor e sofrimento de muitos pacientes”. O superintendente afirmou que o hospital possui equipe qualificada, mas faltam recursos para aquisição do equipamento e infraestrutura. “Vamos fazer a cotação e a descrição técnica do necessário e apresentaremos aos senhores, para nos ajudar a conseguir os recursos”.