Mães de crianças autistas relatam falta de assistência e inclusão em Cachoeiro
Nesta terça-feira (02), Dia Mundial de Concientização do Autismo, um grupo de mães de crianças que possuem o Transtorno do Espectro Autista (TEA) esteve na Câmara de Cachoeiro, durante a sessão ordinária, para relatar as dificuldades enfrentadas. Além disso, elas também cobraram mais agilidade das autoridades públicas no que diz respeito à marcação de consultas para os filhos que precisam de atendimento.
Segundo essas mães, as crianças autistas não recebem atendimento médico adequado, nem acompanhamento de professores auxiliares nas escolas do município.
Dayana Souza Basílio Serafim, começou sua fala afirmando que nesta data especial não tem motivos para comemorar. “Como mãe atípica, não vim aqui romantizar o autismo, vim para mostrar a verdadeira realidade que nós vivemos em Cachoeiro por falta de atendimento adequado. Hoje no SUS só conseguimos terapia pela APAE, que já enfrenta uma superlotação e longa fila de espera. É triste e revoltante, mas a verdade tem que ser dita”.
De acordo com Dayana, a Prefeitura não oferece suporte para os autistas. “Quando vamos ao Centro de Saúde somos informados que lá tem sim fonoaudiólogo e psicólogo, mas que não atendem autistas porque não tem uma sala preparada para atender essas crianças. Aí eu pergunto, como que ficam nossas crianças? A prefeitura devia dar todo o suporte, mas não dá nada. Como será o futuro dessas crianças sem atendimento nenhum?”.
Por fim, Dayana questionou o cumprimento de leis. “Eu gostaria de saber porque as leis não são cumpridas em Cachoeiro. Nós não precisamos só de um colar para identificar que nossos filhos são autistas, nós precisamos de tratamento de saúde adequado para essas crianças. Eu corro atrás de conseguir as coisas para o meu filho acionando a Defensoria Pública e isso é exaustivo”, desabafou.
A mãe Joseli Mariani contou que sua filha Ana Sofia, de 5 anos, está há mais de um ano sem qualquer tipo de atendimento ou tratamento. “O único atendimento que minha filha teve na APAE foi com uma psicólogoca por cerca de seis meses, há mais de um ano. Desde então estamos aguardando fono, TO e fisioterapias, mas não coseguimos e, assim como eu, várias mães também precisam desse atendimento e não conseguem. Tem mães há quatro anos na fila”.
E continuou: “Não tenho nenhum suporte e hoje, infelizmente, não tenho o que comemorar, apenas questionar. Por que essas crianças autistas não têm uma rede de apoio com esses atendimentos? Nossas crianças estão abandonadas. Estamos implorando por atendimento, sendo que isso é um direito, e não conseguimos”.
Já a mãe Chrislainy Gaspar, fez um apelo para que seja feito um centro de apoio em Cachoeiro. “Eu precisei parar de trabalhar para cuidar da minha filha e a situação financeira fica muito complicada. Precisamos de consulta com especialistas, mas não conseguimos pelo SUS e não tenho como pagar. Enfrentamos uma realidade muito difícil e peço a vocês que pensem o que pode ser feito para ajudar essas crianças atípicas”.
Outra dificuldade relatada pelas mães foi a falta de auxiliar nas escolas. “Mesmo tenho laudos dizendo específicamente que a criança precisa e tem direito a um apoio escolar, nem todas conseguem. Em Cachoeiro a maioria dos autistas está estudando sem um auxiliar e isso dificulta muito seu desenvolvimento escolar”.