Diabetes: associação quer treinamento de servidores da saúde e acesso a tratamento
O município precisa garantir os direitos previstos pela lei federal 11.347/2006 e prover ao paciente de diabetes acesso gratuito a insumos e medicamentos, para o tratamento adequado. Este foi o principal argumento defendido na audiência pública “Políticas Públicas em Diabetes”, realizada nesta quarta-feira (16) pela Câmara Municipal em conjunto com a Associação de Diabéticos do Espírito Santo e Amigos (Adies).
Além de vereadores, profissionais da área da saúde, pacientes e membros da associação, a audiência contou com a presença do secretário municipal de saúde, Alex Wingler e outras autoridades. Entre elas, o deputado estadual Allan Ferreira e a médica Rafaela Donadeli, que representou seu marido, o deputado estadual Bruno Resende – ambos os parlamentares, que participam da comissão de saúde da Assembleia Legislativa, colocaram seus gabinetes à disposição da associação.
O presidente da Câmara e proponente da audiência, vereador Brás Zagotto, ficou satisfeito com o nível de comprometimento dos presentes à audiência. “Tivemos hoje propostas efetivas de articulação entre instâncias variadas, e não tenho dúvidas de que algumas medidas necessárias serão tomadas de forma urgente”, disse Brás.
Treinamento
O vereador Arildo Bucker (Boleba-PDT) fez um depoimento pessoal e corajoso, assumindo ter vivido grande parte de sua vida com diabetes e obesidade, até passar por uma cirurgia bariátrica, poucos meses atrás. Hoje, a doença está controlada, mas ainda exige cuidados. “É uma vida que não desejo a ninguém, e a saúde pública realmente precisa melhorar muito o atendimento”, contou o vereador.
Para Lorena Bucker, coordenadora da associação, casos como o do vereador Boleba comprovam a necessidade de o município promover o monitoramento de glicose e o treinamento de todos os profissionais das UBS’s para detecção precoce e tratamento de diabetes, proposta apresentada durante a audiência ao secretário Wingler, que se mostrou receptivo à ideia. Já a representante da Superintendência Regional de Saúde, Priscila Santos de Oliveira Rocha, convidou os membros da associação a participarem de reuniões no órgão estadual, que, segundo ela, pode contribuir com a operacionalização dos treinamentos dos servidores municipais da saúde.
Diagnóstico
Na audiência, a representante da associação Michele Medina apresentou um painel geral sobre a doença no Brasil. Segundo ela, em 2021, 270 mil pessoas morreram no Brasil devido a complicações do diabetes e foram feitas pelo menos 46 amputações por dia em pacientes diabéticos. A estimativa é que 10% da população brasileira vivam com alguma das diversas formas da doença, embora 50% desse total não saibam da sua condição. “Esta é uma grande falha de base, ou seja, não buscamos o diagnóstico precoce, para que a doença não tenha agravos importantes”, afirmou Michele, também defendendo o treinamento dos profissionais de saúde municipais.